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Desejos de ano novo

2019 não foi um ano fácil. Ao contrário foi um dos mais difíceis que enfrentei, com muitas transformações acontecendo uma após a outra, ou às vezes tudo junto, sem tempo de lidar, adaptar, entender, aceitar. Mas me lembro que nos anos anteriores tb cheguei no final sentindo dificuldades e não vendo a hora de acabar. E sempre viro o ano com esperanças de que o próximo seja um pouco melhor,  mais gentil conosco, ou menos difícil talvez. Mas os desafios vêm,  e a gente passa de fase, e eles continuam vindo, aos montes e cada vez mais complexos. Então durante essa última semana de 2019  eu pensei: cara, eu sobrevivi!! E melhor, eu me sinto mais forte!!! Então eu tive vontade de desejar um feliz ano novo pra mim e para quem eu amo. Eu desejei que 2020 trouxesse mais alegrias para as pessoas, mais paz, mais amor, mais coragem. Inclusive pra enfrentarmos juntos e mais fortes todo este contexto geral que tantas vezes nos exaure. Mas por sorte ñ tive tempo de fazer isso como gostaria

Desmamamos!

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2 anos, 7 meses e 4 dias. Desde o seu primeiro minuto de vida até os seus 2 anos, 7 meses e 4 dias o Henrique mamou. Todos os dias. Incontáveis vezes. No começo foi sobrevivência, pra ele e pra mim (foto1). Sobrevivemos e encontramos uma rede de apoio que nos fortaleceu pouco a pouco para transformarmos a sobrevivência árdua e desgastante em vida (foto2). Vida com alegria, curtição, e muito amor. 💖 Após os 2 anos tão sonhados, tantas vezes fui e voltei com a ideia do desmame.🤯 Segui o curso da vida que se apresentou neste 2019 e com isso veio o desmame noturno, depois a regulação do mamá somente na hora de acordar e dormir. Há 3 semanas veio a decisão. Certeira como toda e qualquer decisão de libriana após ponderar incansavelmente! 🤗 Combinei com ele que seria a última semana e nos despediríamos no domingo passado.  Em meio a isso ele foi dormir no seu quarto (de boa) e passou a apresentar sinais de desfralde🙃 Passamos a semana retrasada então nos despedindo a

Relato sob a perspectiva do cachorro que caiu da mudança

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Todos os dias há 2 meses levo Henrique cedo pra escola e chegando lá ele mama. Ou mama pouco antes de chegar. Nos primeiros dias, não queria parar de mamar. Depois passou a parar de mamar e ficava vendo as crianças brincarem. Aí passou a ir brincar, mas ia e voltava. (Ai, que fofo, não?!) E eu ficava uns minutos por ali, na retaguarda, achando tudo lindo. 😍 Até que chegou o dia em que pulou do meu colo e foi brincar sem nem olhar pra trás. 😱Nesse dia meu olho marejou.. pensei: "meu filho.. independente!". Aquele misto de satisfação com a perda do bebê, saca? Bom, nesse caso, respira fundo, sorri e segue!  Os dias se passaram, Henrique adora a escola, eu tenho ficado cada vez menos tempo por ali na chegada, e já aconteceu dele ter mamado em casa e eu deixá-lo brincando e sair num período bem curto dali. Esses dias mesmo chegando lá já foi no colo de uma tia direto no portão, mas depois eu acabei o pegando de volta pois ele tinha acordado pouco antes de sairmos de

Método para ninar em quatro atos e um posfácio

Ato Primeiro A mãe que amamenta não estava em casa. A criança tinha sono, choramingava pedindo o peito ausente. Eu cantarolava cantigas de ninar. Eu fazia aconchegante massagem em seu corpo macio de bebê. Ato Segundo Ele me pedia para não cantar aquela música, eu mudava a canção e ele não mudava a negativa. Eu mudava as mãos do local do corpo para ver se agradava. Ele fugia pros cantos da camas, muito sonolento, pedindo o mamá. Ele afastava minhas mãos do corpo dele. Ato Terceiro Eu penso em agitar a noite, desperta-lo até que a outra mãe chegue. Penso em levá-lo à sala brincar com os carros. Desisto do método forçar contra a natureza da necessidade da criança. Tenho uma ideia. Ato Final Ele pra fora da cama. Ensaio o começo de uma história inventada. Era um pássaro filhote que morava no ninho no alto da mangueira. Ensaio surpresas na história. Ele corre pro meu lado na cama. Deita no travesseiro. Eu conto como a mamãe voa e traz comida pro filhote. Ele

Como eu me tornei um menino chamado Henrique

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Então as minhas mamães, que muito carinhosamente me chamaram pra descer e morar na barriga mais quentinha que existe, perguntavam como eu gostaria de me chamar. Elas achavam que poderiam ouvir sugestões minhas de como eu gostaria de ser reconhecido. E eis que eu comecei a me comunicar. Mas elas demoraram pra ouvir. Não sei se eu falava escondido demais ou se elas mesmas é que não conseguiam escutar, enfim, deu tudo certo! A minha mãe que me tinha na barriga, a Ana, um dia que estava dormindo bem tranquila eu achei a oportunidade ideal e pulei no sonho dela pra sussurrar: Henrique.... mas ela acordou confusa, achando que era Henri, Heitor, Henrique, não sabia direito... E foi ela contar do sonho pra mamãe Marina, que ouviu, mas também não deu muita bola, afinal acharam meio vago e meio estranho esse sonho. Eu ainda estava bem pequenininho na barriga da mamãe, tinha 1 ou 2 meses, só. Logo em seguida, algumas semanas depois, um dia a mamãe Marina estava fazen

Sobre o trabalho e sobre a maternidade

Em cada novo desafio da vida provo da certeza que encontrei meu daimon . Encontrei nos ouvidos atentos aos meus sentidos, nas pequenas coisas da vida, no reconhecimento dos prazeres duradouros, na entrega às situações de conforto e fluidez. O daimon está no que flui. Cada vez tenho mais contato com a certeza de que não tenho um trabalho, eu executo a minha arte. Pararia Maria Bethânia de cantar ou Picasso de pintar? Não posso parar meu daimon , isso me faz por inteira. E disso desfrutará meu filho, minha mulher, minha família. Meu emprego não existe. O que existe é o lugar e o tempo em que uma das minhas partes criativas acontece, e tem que acontecer. Tenho uma certeza muito forte dentro de mim: meu filho é muito feliz em me ver exercendo minha arte, ainda que isso custe momentos sem me ter ao seu lado. A energia que tenho para o trabalho (arte) deve ir para essa área. Não haveria como canaliza-la a Henrique. Estaríamos dissonantes. Minha energia para ele é da mãe f

Sobre a des-necessidade da anuência para ser quem sou

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Há uma tradição amplamente impensada sobre a autoridade do outro para aprovar eu ser quem sou. Cena: Eu, na maca da clínica estética, sendo depilada por Leonice. Diálogo (ou a parte dele que me interessa nesse texto): L.: Você tem filho? M: Sim, tenho um bebê, lindo demais! [...] L.: Nossa, seu marido deve ser também muito babão pelo Henrique. M.: Na verdade eu tenho uma esposa, o Henrique tem duas mães bem babonas. Leonice pára a depilação, me olha e com gesto de aprovação diz: L.: Ah, tranquilo, tranquilo, por mim tranquilo. Tenho também duas amigas que têm a Luli...... M.: Que legal. E eu segui o diálogo com a naturalidade de antes, Leonice tentando o tempo todo justificar sua aprovação sobre a minha vida. Breve Reflexão: É prudente tomarmos dimensão do poder de aprovação que temos sobre a vida do outro. Esse poder é pífio, inexistente, absurdo. Não somos réu do julgamento alheio. Leonice não tem que dizer "tranquilo" para me confortar que ela ace